terça-feira, 19 de julho de 2011

Depoimento Melanie F. Narozniak




















O desejo de conhecer a terra donde meu pai e os outros membros da família vieram nasce também de uma questão muito pessoal, algo ligado à identidade. Preciso ver, provar, conhecer, me reconher nisso tudo, chegar às raízes da minha ascendencia paterna e desta forma também entender mais sobre nossa história e comportamento.

Sou filha, neta, bisneta, tataraneta de ucranianos. Na família do meu pai, meu irmão e eu fomos os primeiros e únicos a nascer no Brasil. Aqui ele conheceu e se casou com uma carismática e charmosa pessoense. Nos finais de ano passávamos as férias em João Pessoa inseridos num temperado contexto com muita praia e comídas típicas brasileiras.

Já durante o ano todo em Curitiba, passávamos os finais de semana numa casa comum, não fossem as almofadas do sofá com um bordado geométrico, com pêssankas na estante da sala, raminhos de trigo dentro dos vasinhos, ícones bizantinos nas paredes e o fato de que lá dentro as pessoas conversavam em uma língua diferente.

A dona da casa era uma simpática Baba que nunca deixou de cozinhar aqueles pratos que qualquer descendente de ucrânianos conhece muito bem: os saborosos pierogues, a exótica e deliciosa sopa de beterraba e até aqueles esquisitos charutinhos de repolho. Lá brincávamos aos cuidados dela e de meu tio André (Andrij). Cresci com o amor daquela senhora chamada Sofia. Que como toda avó, relevava as travessuras dos netos. Mas mais do que isso, ela despertava admiração. Sempre me impressionou a doçura daquela senhora. Ela nunca deixou de ter o olhar amoroso e uma meiga risada, mesmo tendo passado por tantas tragédias em sua vida.

Das suas lembranças as que mais a atormentavam era a do Comunismo. Ao falar sobre o assunto ela esfreagava as mãos nos joelhos demosntrando verdadeira perturbação em relação à isso. Mas de tudo o que minha Baba mais falava sobre a Ucrânia era da imensa saudade da família, principlamente dos irmãos, e dos pais cruelmente assassinados pelos comunistas. 

Lembro bem da forma carinhosa como ela nos falava sobre os irmãos. E de como queria estar na Ucrânia só mais uma vez. Hoje me emociona saber, tantos anos depois, que um pedacinho dela finalmente vai retornar àquela tão falada terra.

Visitar a Ucrânia representa resgatar todo um passado e também dar continuidade a história de toda uma família. Sem dúvida, tenho o sentimento de que isso deveria ser feito. Lá encontrarei nossos parentes por parte de vô e de vó que também me aguardam com grande alegria em Ivano Frankivski e Lviv. 

Frequentemente nos temos comunicado e todos também têm grande expectativa. Uma missa em memória dos meus avós e do meu tio já está sendo programada na cidade onde meu pai nasceu (Strei), onde pretendemos reunir todos os familiares.

Nunca estive tão perto de realizar este sonho, mas a expectativa faz parecer que o dia da chegada ainda está bem longe. Não vejo a hora de desembarcar e sentir o coração bater mais forte. Agora só me resta contar os dias!

Melanie F. Narozniak

6 comentários:

  1. Tocante seu depoimento, Melanie!

    Eu espero que você faça uma viagem memorável e que consiga encontrar todos seus familiares ucranianos, realizando assim o seu sonho de conhecer as suas raízes e a terra dos seus antepassados.

    Aproveite para documentar em fotos as belas paisagens ucranianas, e depois mostrar aqui no blog para todos nós que somos amigos e admiradores da Ucrânia!... Um grande abraço e boa viagem!

    Luiz G. Souza

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  2. Oi Melanie...
    Também estarei indo nesta viagem...
    Já estive duas vezes na Ucrânia...
    Confesso que a primeira vez que fui, em 2005, não quis olhar muito para a minha origem, pois quando era criança sofria um pouco de preconceito pelo sotaque forte, pelos meus hábitos e costumes nache lhude de ser! Rsrs...
    No ano passado tive a oportunidade de ir novamente e foi muito bom me permitir abrir o coração e a mente. Foi como se estivesse me vendo no espelho, pois em muitas situações que eu vi lá no solo ucraniano, eu já tinha vivido antes aqui na comunidade ucraniana de Prudentópolis...
    Quem sabe agora eu consiga encontrar os familiares antepassados...
    Estou bem feliz que estaremos juntas nesta viagem!
    Abraço,
    Andréia Kaláboa

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  3. Olá Melanie,
    Depois de começar a namorar um ucraniano, passei a conhecer melhor a cultura e a história deste país. E ler o seu depoimento me pareceu algo familiar, pelas estórias que ele sempre me conta da Ucrânia e de seus parentes. E também me fez sentir um pouco mais próxima deste país e de seus habitantes os quais me encantam tanto. Espero que vc faça uma ótima viagem e tenha um maravilhoso encontro com seus familiares.
    Abraço
    Valeria

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  4. Emocionante o relato, e certamente isso é só o começo. Desde já, boa viagem!

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  5. Não pude deixar de me emocionar com teu depoimento. Entendo tão bem como é isso de precisar conhecer um lado da história da família para melhor se entender e definir a própria identidade. Tenho certeza de que tu vais curtir muito a viagem e que vais te emocionar muitíssimo. Não deixa de mandar as atualizações sempre que possível. Beijo grande!

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  6. Ao ler teu depoimento Melanie senti que será uma viagem inesquecível. Para mim pisar na terra de onde meus avós sairam em 1896 será uma emoção. Estaremos lá rejubilando-se e revivendo a nossa história. Até a viagem!!
    Lauro Kuchpil

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